quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Entrevista - Lanice Ferreira de Macêdo

Digitalizar0016 A ex-prefeita de Governador Dix-sept Rosado e presidente do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), Lanice Ferreira de Macedo, recebeu, no sábado 21 de dezembro, o jornal Folha do Povo, para uma entrevista. Lanice Ferreira nasceu no Sítio Saboeiro, neste município. É filha do ex-prefeito José Ferreira de Macedo e Raimunda Inácia (In memorian) e irmã de Laete e Laene. Elegeu-se três vezes vereadora (1989-1992/1993-1996/1997-2000), vice-prefeita (2001-2004) e prefeita (janeiro a março de 2005), passando apenas 67 dias no cargo e sendo afastada depois. Líder política respeitada e temida pelos adversários, é reconhecida também pela capacidade de dar assistência à população carente do município. Nesta entrevista, Lanice fala sobre política e revela sua opinião sobre os fatos que a fizeram perder o mandato conquistado com 63 por cento dos votos dos dix-septienses.

Folha – Como nasceu o seu interesse pela política?
Lanice – Quando nasci meu pai já era político, e comecei a sentir a vontade de ajudar à população. Fui tendo amor e vontade de trabalhar em prol da comunidade. A partir dos meus sete anos de idade, quando papai ia fazer campanhas políticas eu o acompanhava. Em 88 surgiu a oportunidade de iniciar minha vida pública. Fui bem sucedida e conquistei o primeiro mandato de vereadora. No segundo mandato, em 1992, tive uma grande votação (305 votos). No meu terceiro mandato (1996), continuei sendo a vereadora mais votada. Em 2000 o PMDB e o povo me escolheram para dividir a chapa com o então prefeito Gilberto Martins, e me elegi sua vice-prefeita. Em 2004, fui escolhida para ser prefeita do município com 63,43% (5.097) dos votos.

Folha – Quantos anos de vida pública?
Lanice – dezenove anos.

Folha – O que mais a motivou a entrar na política?
Lanice – O desejo de fazer o bem. De trabalhar pela população, de servir a coletividade e ajudar a desenvolver o meu município. Dediquei a minha vida a isso.

Folha – Sobre esses seus planos e projetos para o município, você ainda tem intenção de realizá-los?
Lanice – Certamente. A cada dia que passa mais aumenta o meu desejo de bem servir ao meu povo. Se já tinha essa vontade, depois de tudo que aconteceu e com a força que Deus e o povo dixseptiense me dão, não poderia ser diferente.

Folha – O que mais lhe motivou a seguir em frente, depois de tudo que lhe ocorreu esses últimos anos?
Lanice – Eu sou uma pessoa muito otimista e persistente. Quando quero uma coisa, vou até o fim para conseguir. Depois de tudo isso que aconteceu, cada vez mais aumenta a minha vontade de ser útil e ajudar à população. As mensagens de carinho, os abraços e as palavras de força e encorajamento das pessoas fazem que eu a cada momento redobre minhas forças e revigore o meu desejo de voltar à Prefeitura de onde fui tão injustamente afastada.

Folha – Você se considera injustiçada?
Lanice – Em primeiro lugar, quem mais foi injustiçado foi o povo. Foi a vontade do povo que foi cassada. Foram eles que votaram de livre e espontânea vontade em Lanice e Junior Afonso que foram mais injustiçados. Depois posso dizer que o nosso sonho de sermos servidores ao povo. Mas em primeiro lugar, considero que o povo foi mais injustiçado.

Folha – Você guarda mágoas das pessoas que ocasionaram a sua cassação?
Lanice – Não. Graças a Deus não tenho mágoas. Só me sinto de ser alvo de tanta inveja e ganância. Não guardo mágoas, por que nós temos um Deus que é Pai e tem me dado muita força e sabedoria para enfrentar tudo isso.

Folha – Qual sua opinião sobre a atual administração?
Lanice – Vejo como uma regressão. Eles têm feito o município regredir. Se olharmos a agricultura, vemos as dificuldades dos agricultores em conseguir um trator, os dessalinizadores quebrados há muito tempo. Os funcionários públicos sendo maltratados e desrespeitados, sem receberem o Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor), sem poderem progredir no seu plano de carreira. Na saúde, vemos a desassistência, a falta de medicamentos, as pessoas sendo humilhadas para conseguir um atendimento médico, os serviços públicos sendo alegados a quem não votou no atual prefeito. As pessoas me falam da humilhação que passam. O atual prefeito deveria respeitar o povo. Mesmo ele tendo recebido o cargo da justiça, sem ter o aval do povo, a população merece respeito e não deve ser humilhada e ultrajada. Tivemos 67 dias de mandato e implantamos a quarta equipe do PSF (Programa de Saúde da Família), e hoje vemos o programa abandonado pelo executivo, os profissionais da saúde sem condições de prestar seus serviços. Vez por outra vemos os carros de som nas ruas, com pessoas pedindo auxílios, situação que nunca víamos por aqui, mas com o desinteresse do atual prefeito para com a saúde pública, tem se tornado muito comum. Na área da educação, vemos em muitas escolas os alunos sem aulas, pois passam meses sem água ou merenda escolar. Sabemos que o meio ambiente não é levado a sério. Tínhamos o aterro controlado que virou um lixão a céu aberto, um amontoado de lixo e animais, um tema que foi tão bem gerenciado pela administração passada, pelo ex-prefeito Gilberto Martins, e que na minha gestão tinha sido criada a Secretaria de Meio Ambiente. Concluindo, o município só tem perdido com esse prefeito.

Folha – Como você percebe o tratamento que o povo dispensa ao atual prefeito?
Lanice – O que eu sei, é o que o povo diz: ele (Adail) não deveria estar na prefeitura, por que ele não foi eleito. O povo não votou nele, e ele não está retribuindo a oportunidade que foi dada a ele.

Folha – Sobre algumas situações embaraçosas que o prefeito tem passado, com o povo demonstrando seu descontentamento, por que você acha que isso vem acontecendo?
Lanice – Há um provérbio que diz: “Diz-me com quem andas, que direi quem tu és”. O povo o rejeita porque todo mundo o conhece. Todo mundo se lembra do que ele fez no seu primeiro mandato. O povo analisou o caráter dele e foi por isso que não votou nele em 2004. Ninguém reclama sem razão.

Folha – Noutra entrevista, o Jornal Folha do Povo foi criticado pelo atual prefeito, por ter usado de um termo: “desgoverno”. Você acha que o povo está sofrendo com um “desgoverno”?
Lanice – Com certeza. Talvez uma das causas é que esse ‘governo’ não era o que o povo queria. Esse governo nasceu a partir de uma ação judicial. Em termos de administração, o termo “desgoverno” nunca foi tão bem utilizado.

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Folha – Sobre as últimas e várias exonerações e demissões que estão acontecendo no poder público municipal, o que você tem a dizer?
Lanice – É um momento de reflexão para as pessoas que acreditavam nele, e agora estão tendo a oportunidade de conhecer realmente que é Adail Vale. Um momento em que as pessoas podem parar e refletir sobre tudo que dissemos sobre esse senhor, e entender que estávamos certos em criticá-lo.

Folha – E sobre a atual formação da Câmara Municipal?
Lanice – Elegemos seis vereadores em 2004 e três deles, que diziam que Lanice era a melhor candidata a prefeita, três vereadores que estavam do nosso lado, quando éramos poder e agora, que Lanice ou Gilberto não estão na Prefeitura, o melhor para eles agora é Adail. Entende-se que eles nunca defenderam candidatos ou ideologias e sim o poder. Interesses unicamente próprios e pessoais, sem ver o lado do eleitor que votou neles. O mandato de vereador é para ser de trabalho e dedicação ao povo, e não um comércio. Temos os vereadores Neto da Pedra, Bonifácio Medeiros, Sanimarcos Firmino e Sula (Raimundo Avelino da Costa), que se mantiveram na oposição, honrando seus votos e eleitores.

Folha – Sobre essa situação que você falou, sobre os três vereadores, você se considera traída por eles?
Lanice – Sim. Mas a primeira traição foi ao povo, os seus eleitores. Não se vota somente num vereador ou num prefeito, vota-se num projeto de governo, numa ideologia. Eu também fui enganada, traída e desrespeitada, assim como o povo.

Folha – Você comentaria sobre a posição do vereador Sula do PT, que se manteve na oposição?
Lanice – O vereador Sula tem se destacado muito, representando bem seu papel e seu mandato de vereador. Quanto à oposição em relação à atual administração, não fiquei surpresa, por que eu conheço a pessoa de Sula, já trabalhei com ele em associações e sei da sua capacidade para defender seus ideais. Só tenho a elogiar a posição do vereador Sula, juntamente com Neto da Pedra, Sanimarcos e Bonifácio, que estão sempre ao nosso lado.

Folha – E sobre o presidente da Câmara Anaximandro Vale, qual sua opinião sobre ele?
Lanice – Eu acho que Anaximandro é mais autoritário que o pai. Dia desses, ele negou a ceder o plenário da Câmara para que fosse feito uma audiência pública.

Folha – Existem alguns comentários que o PMDB estaria dividido entre você e o ex-prefeito Gilberto Martins. Isso é verdade?
Lanice – Essa divisão é vontade da oposição. Sempre dissemos que, eu e Gilberto, estamos unidos, juntos em prol de um ideal que para nós, agora mais do que nunca, é comum. Gilberto sempre me respeitou, atendendo a vontade do povo e me escolhendo para ser sua candidata a prefeita em 2004. Não há nenhuma divisão. A oposição sabe que é muito difícil nos vence. Por isso, ficam a toda hora, inventando briga entre eu, Gilberto e Junior Afonso. Estamos unidos.

Folha – Você acha que o PMDB hoje está mais forte que em 2004/2005?
Lanice – Eu acredito que sim. O povo de Governador Dix-sept Rosado é sábio, é politizado.

Folha – O ex-prefeito Gilberto Martins foi perguntado, numa entrevista anterior, sobre um prognóstico sobre a maioria de votos que você teria na próxima campanha em relação a qualquer um que seja seu adversário...
Lanice – Eu não gosto muito de dar palpites. Mas posso lhe dizer que não vai ser menor do que a maioria da campanha passada.

Folha – Que panorama político você espera encontrar no período eleitoral de 2008?
Lanice – Eu espero uma campanha emocional. O povo está com o grito preso na garganta. A partir de janeiro nós já vamos viver o ano eleitoral. Hoje temos dados positivos, que como eu disse anteriormente, a maioria não será menos que na campanha passada. Essa vai ser uma campanha que vai chamar a atenção até das cidades vizinhas. Mas acima de tudo, espero um período de paz e tranqüilidade, um cenário onde nosso povo possa dar um exemplo de democracia e cidadania. É o que espero.

Folha – Num programa de rádio, o prefeito Adail declarou que tinha pesquisas onde estava somente a três pontos de desvantagem de você. O que você tem a dizer sobre isso?
Lanice – O que eu digo é que ele sabe que essa pesquisa não é verdadeira. Ele não recebeu essa pesquisa, o que ele recebeu foi um percentual bem mais positivo para Lanice e ele simplesmente vai ao rádio, vai à imprensa, tentar enganar a população. Mas o povo sabe. O povo faz pesquisa todo dia. Se tiver cinco, dez pessoas reunidas, o povo faz sua própria pesquisa. Todos sabem que essa pesquisa que o prefeito falou não é verdadeira. Não existem três pontos de diferença entre Adail e Lanice. Talvez seja entre ele e Anaximandro.

Folha – Quem você acha que será ou serão os seus adversários na campanha para prefeito?
Lanice – Eu acredito que será o prefeito que está no cargo. Eu espero que seja ele. Quero ver o povo dando a resposta nas urnas, mostrando que não está concordando com essa situação pela qual passa o nosso município, com a administração dele.

Folha – Sua preferência então, como adversário político é Adail?
Lanice – Espero que seja Adail o candidato de oposição a Lanice na campanha de 2008.

Folha – Sabe-se que o atual prefeito conta com o apoio do Governo do Estado. Você não teme essa junção de forças?
Lanice – De maneira alguma. Ele, o prefeito, não tem o apoio do povo!

Folha – Sobre o atual vice-prefeito, Nelson Morais, você o vê como possível colaborador de sua campanha?
Lanice – Desde a campanha passada, para o governo do estado, que Nelson está do nosso lado e acho que na campanha para prefeito, em 2008, não vai ser diferente. Sempre que temos oportunidade nós conversamos e Nelson vai nos apoiar, sim, somando forças para a vitória em 2008.

Folha – Você teria algo mais a acrescentar?
Lanice – Tenho a dizer ao povo de minha cidade, que a cada sorriso que recebo, cada abraço, aperto de mão, cada palavra de carinho e solidariedade, eu sempre agradeço e sou grata a Deus. Sem os poderes de Deus e o apoio do povo, jamais teria condições de estar aqui dando essa entrevista. Quero também deixar meus votos de Feliz Natal a todos, Que essa data tão especial faça cada vez mais brotar o amor e a fraternidade entre os meus tão queridos irmãos. Roguemos a Deus que Ele continue nos abençoando e trazendo paz e alegria para todos nós. Um Feliz Natal e um 2008 cheio de realizações. Que Deus abençoe a todos os dixseptienses.

Um comentário:

Anônimo disse...

A Folha do Povo já entrevistou Gilberto Martins e Lanice Ferreira. Quando então entrevistará o prefeito Adail Vale? afinal espero que o jornal seja de credibilidade.