sábado, 29 de março de 2008

Entrevista: Rivelino Câmara

Uma figura sempre presente no mundo empresarial da região, Rivelino Câmara, 37, evidencia-se com maestria entre os maiores figurões da política do estado.
Notadamente considerado um inteligente e preparado empresário, estudante do curso de administração de empresas, sempre educado, discorre e discute fácil sobre os mais diversos assuntos. Tem networking e feeling apuradíssimo, duas características fundamentais na formação de uma liderança política. Sobre esse seu lado partidário demonstra que planeja suas ações e tem objetivos bem definidos.
Viúvo, pai de Suiany e Pietro, Rivelino divide muitas opiniões, mas não há quem não o veja como uma nova e notável estrela política em ascensão.
Numa tarde de fevereiro, na praça de alimentação do Boulevard, em Mossoró, ele nos concedeu essa entrevista, onde fala da política e da sua vida pessoal.

Quais são seus empreendimentos.
RC – Hoje eu tenha uma drogaria, uma empresa de eventos, e estou inaugurando uma distribuidora de medicamentos.

 riv1 

Quais foram os cargos que você já ocupou na administração pública e no setor privado?
RC – Na administração pública eu fui Secretário de Comunicação, Cultura e Eventos de Caraúbas; Secretário de Administração da Prefeitura de Caraúbas; fui diretor (na época dos NURE’s) do Centro Escolar Antonio Carlos, em Caraúbas, onde inclusive, algumas escolas de Governador eram subordinadas a esse centro escolar, fui Diretor do CAIC Centro de Apoio Integrado a Criança de Caraúbas, Secretário de Administração e também de Educação da Prefeitura de Governador Dix-Sept Rosado e Diretor do Hospital Regional de Caraúbas que pertence ao Estado. Na iniciativa privada eu fui diretor de programação e diretor geral da Rádio Centenário de Caraúbas e da Rádio Salinas de Macau.

Você tem uma rádio?
RC – Não. Já possui uma entre 2000 e 2003. Montamos uma rádio comunitária em Caraúbas mais não conseguimos a liberação, então abandonamos a idéia, mas militei em rádios por cerca de 16 anos.

Qual seu partido atual e quais siglas partidárias você já militou?
RC – Eu hoje sou filiado ao PSB, mas já fui filiado ao PSDB, inclusive sendo presidente estadual da juventude do PSDB nos anos de 89/91, também fui filiado ao PDT e PTB.

Na sua concepção, ‘ideologia política’ existe? você concebe que um político tenha “ideologia”?
RC – Olha eu acredito que exista, embora no momento ache que nós estamos vivemos um momento especial em relação à política brasileira. Essa confusão de partidos, o problema da percepção sobre a fidelidade partidária... Até acredito que existam políticos que tenham uma ideologia séria e correta, mas às vezes eles são atropelados pelas circunstâncias. Temos um caso bem claro no cenário nacional: o congresso com 513 deputados mais 81 senadores... tem lá um monte de partidos cada um com uma ideologia diferente e cada um seguindo seu rumo e seu caminho que nunca convergem entre si.

Você é a favor ou contra a fidelidade partidária?
RC – Eu sou a favor de uma fidelidade partidária diferente da que está ai. Hoje a fidelidade partidária é só pra você não sair do partido, mas não que dizer que você esteja obrigado a seguir as orientações do partido, não diz que você tem que ser deputado, vereador, prefeito e que você vai seguir aquele programa estabelecido pelo partido. Hoje, a fidelidade é somente e unicamente pra se eleger e não sair do partido.

E sobre ideologia política você concorda que exista e qual é a sua?
RC – Eu nunca disputei nenhum cargo político, nunca disputei uma eleição, mas sempre participei, desde 88, das eleições estaduais e municipais. Entendo que a política tem que ser realmente voltada para a população, pra que se possa destinar bem os recursos públicos, pra que se possa tratar bem as pessoas que acreditaram em você, nos seus projetos. Eu tenho uma ideologia, uma linha de raciocínio, que se você não está preparado para trabalhar dessa forma, não deve inserir-se no meio político, não deve participar da política. Infelizmente não são todas as pessoas que pensam assim e vez por outra temos alguns distúrbios, mais acredito que se um dia conseguirmos que a grande maioria dos políticos pense assim, que realmente sejam eleitos para defender o povo, para gerir de acordo com os interesses da população, dessa forma o cidadão vai receber um tratamento que ele merece.

Em sua opinião, quais os grandes lideres políticos que o Brasil já teve?
RC - Tivemos Ulisses Guimarães que foi uma figura espetacular, o Teotônio Vilela, Afonso Arinos... Eu acredito que depois da redemocratização passamos por um processo de mudanças e também de transformações, mas o país começou a ficar carente de grandes líderes, de estadistas. Collor foi um líder muito contestado, terminou saindo por um impeachment, mas a grande abertura econômica que vivemos hoje devemos a ele (Fernando Collor). Não sei se você lembra a história dos carros nacionais, que eram considerados carroças e hoje o nível do carro brasileiro é excelente, graças a abertura que Collor fez. Fernando Henrique Cardoso foi um grande estadista, e a economia atual é reflexo dele, foi ele quem inseriu o Brasil no mundo globalizado, as privatizações tão contestadas, hoje nós podemos sentir suas mudanças e de forma bem positivas. Lembra como era antes das privatizações para se conseguir uma linha de telefone fixo da Telemar? era uma dificuldade e você pagava um absurdo, hoje tão dando de graça. Acredito que depois da redemocratização, Fernando Henrique é o grande nome da política brasileira.

riv2

Com relação as suas pretensões políticas... Você tem algum projeto político?
RC – Não é bem um projeto. Digamos que eu tenho um sonho. Eu desejo um dia administrar minha cidade. Acho que poderia contribuir muito com Caraúbas. Eu gostaria muito de poder ajudar como gestor de minha cidade, espero que uma dia consiga realizar esse meu sonho.

Existe data marcada para o início da viabilização desse sonho?
RC – Eu ate pensei que poderia ser realizado nas eleições desse ano, mas o momento político de Caraúbas está muito tumultuado... mas quem sabe na próxima? quem sabe em 2012?

Com relação à gestão Adail Vale, qual sua opinião sobre essa administração?
RC – Primeiro eu queria dizer que Governador Dix-sept, foi uma surpresa na minha vida. Eu tenho muito a agradecer as pessoas que me receberam. Fiz amigos e acho que de alguma forma contribui para o povo de Governador e eu tenho muito que agradecer ao prefeito Adail Vale, que me deu essa oportunidade de mostrar o meu trabalho e profissionalmente contribuído para sua administração. Eu avalio que Governador nunca viveu um momento tão bom administrativamente falando. Vários setores da administração funcionam bem. Existem as dificuldades que toda administração tem, até pela forma que Adail chegou à prefeitura, onde foi criado um clima de acirramento político muito forte no Município. Isso também gera dificuldades para a administração, por que depois que se passa o período eleitoral, os ânimos se acalmam e todos vão viver suas vidas, mas em Governador aconteceram as eleições e continua ao longo desses três anos, uma constante disputa. Mas hoje as pessoas falam como a cidade mudou como a cidade está mais bonita, acontecem os grandes eventos, o carnaval, por exemplo, hoje é uma referência no estado, a questão da saúde que tem uma boa estrutura, as ambulâncias, os profissionais que ficam de plantão, os PSF’s, a educação que tem melhorado. Acredito que ainda precisa ser feito mais. Eu faço uma avaliação positiva desses três anos. Governador tem avançado muito.

Você esteve à frente da Secretaria de Educação e Secretaria de Administração participando da gestão Adail Vale, como você avalia a equipe de governo do atual prefeito?
RC – Eu acho que Adail conseguiu constituir uma equipe boa. Teve algumas dificuldades pela falta de experiência de algumas pessoas com o serviço público, em termos de chefias, de secretarias, de coordenadores, até por que a cidade há 12 anos vinha sendo administrada por outro grupo político, e quem acompanha a administração pública sabe que as leis vão se atualizando com o passar dos anos, então as pessoas que por algum momento ficaram de fora do serviço público, dos cargos de chefias, ficam de certa forma desatualizadas, mais acredito que agora, nessa reta final, do mandato de Adail, as pessoas já estejam mais habituadas, mais familiarizadas com a máquina pública, sabendo como ela funciona, com suas normas e regras. Acredito que hoje ele já tenha uma equipe que o ajude a fazer uma boa administração na cidade de Governador Dix-Sept Rosado.

O que você não teve tempo de fazer e se voltasse a uma Secretaria de Administração ou de Educação realizaria?
RC – Primeiro eu quero dizer que minha saída dessas secretarias, se deu em virtude de falta de tempo, em virtude de meus compromissos pessoais e profissionais. Mas na Secretaria de Administração uma coisa que eu gostaria de ter feito era a informatização da secretaria com as demais, propiciando uma maior rapidez no atendimento ao servidor; na Secretaria de Educação tivemos alguns sonhos, que pelo curto tempo, não deu pra realizar. Gostaríamos de ter construído uma Escola para o ensino infantil. Também não trabalhamos bem a questão de uma maior valorização à cultura e ao esporte na cidade. Em Governador existem grupos culturais e pessoas muito capacitadas que precisam de incentivos e de uma estrutura que os apóiem, a mesma coisa com o esporte.

Você foi cogitado pra assumir cargos no Governo do Estado, como é sua relação com a governadora Vilma de Faria?
RC – Minha relação com a governadora é muito boa. Eu tenho agradecido muito a confiança que ela tem depositado em minha pessoa. Para quem não me conhece bem, eu não sou de uma família tradicional, não sou de uma família rica, nem sou uma liderança política expressiva da cidade, porque normalmente isso é levado em consideração, para que você ocupe cargos e seja reconhecido. A Governadora Vilma é diferente, e comigo foi assim. Hoje eu ocupo a direção de um hospital, um cargo regional que abrange quinze municípios. A Governadora me tem dando total apoio. Agora em março faz cinco anos que estamos à frente do hospital. Realmente fui cogitado para que assumisse um cargo, só que pelos meus negócios, em virtude de minhas outras atividades estarem na região, ficaria muito complicado para assumir um cargo em Natal, com meus negócios em outra cidade. Então pesei os prós e os contras e decidi ficar na direção do hospital. Espero estar retribuindo essa confiança que ela depositou em mim.

O convite foi feito?
RC – Sim, tive a possibilidade de assumir um cargo na Secretaria de Saúde e também na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, mas em virtude das questões que eu já elenquei, isso não foi possível.

Qual sua opinião sobre o Governo Lula?
RC – Eu votei no Lula no primeiro e no segundo turno. Acontece que tem algumas ações do governo que acho que avançou, mas muitas outras ainda são reflexo do governo Fernando Henrique. Mesmo assim eu acredito que tem ponto que é preciso a sociedade olhar com bons olhos, de forma a analisar melhor. Acho que ele deixa a desejar no que diz respeito à corrupção. Na história do Brasil nunca se viu tantas crises. Todo mês aparece uma crise. É mensalão, e agora a historia do cartão... O PT é o partido que eu já vi ter mais competência pra criar crises, e o pior é que sempre envolve o dinheiro público. É um governo que a corrupção mancha um pouco as grandes realizações, como o bolsa família, programa luz para todos, a questão da transposição do Rio São Francisco (se realmente ele conseguir concretizar). Mas a corrupção está maculando, digamos assim, essas ações do governo Lula.

Comenta-se positivamente sobre sua gestão à frente do Hospital Regional de Caraúbas, sua administração foi reconhecida e elogiada, você se considera um político gestor ou um empresário político?
RC – Eu acho que sou um político gestor, pois antes de começar a gerir eu sempre militei na política. Comecei em rádio e depois fui para política, engajando-me em grupos de jovens da Pastoral da Juventude. Comecei na política partidária, depois vim para o serviço público, assumindo cargos. Sou um político gestor!

Mais o que está em primeiro lugar, a política ou as empresas?
RC – Hoje as empresas estão em primeiro lugar. Vamos dizer que eu fui um político que deu certo, sendo gestor, administrando.

Seu mais recente empreendimento, foi a compra de um parque de vaquejada, inclusive comenta-se que você tem como sócio o prefeito Adail Vale e seu filho Anax, o que tem de verdade nessa historia?
RC – Olha, nada dessa historia é verdade. Eu adquiri um parque de vaquejada sim, e tenho um sócio, mas ele se chama Edu Licurgo, que é proprietário do Posto Imperial em Caraúbas. Nós dois compramos o parque. Não tem nada haver com Adail nem com Anax. O empreendimento é cinqüenta por cento meu e cinqüenta de Edu, inclusive quem quiser verificar tenho a escritura pública registrada em cartório com os nomes dos proprietários.

Qual foi o melhor e o pior momento da sua vida?
RC – Vivi nesses últimos anos, digamos assim, dois momentos distintos. Nunca estive em um momento tão bom profissionalmente. Tenho trabalhado muito, graças a Deus tudo que tenho investido tem caminhado bem. Mas também tive um fato que marcou e que me marcará pelo resto de minha vida, que foi a perda de minha esposa, que faleceu em 2005.

Pingue-pongue:

FP – Religião?
RC – Sou católico.

FP – Esporte?
RC – Futebol.

FP – Programas de TV?
RC – Jornais, Jô Soares e programas de notícias em geral.

FP – Além do The Place, o que você vê na internet?
RC – (risos) Blogs de notícias aqui da região, sou também um leitor assíduo de Cláudio Humberto (www.claudiohumberto.com.br) que retrata bem a cena da política brasileira.

FP – Uma cidade?
RC – Caraúbas.

FP – Uma mania?
RC – Querer a perfeição.

FP – Um prato?
RC – Comida nordestina.

FP – Uma bebida?
RC – Refrigerante.

FP – Um livro?
RC – Contos e Fatos - Duda Mendonça.

FP – Um homem?
RC – Jesus Cristo.

FP – Uma mulher?
RC – Sandra, minha ex-esposa.

FP – Uma musica?
RC – Se não tivesse ido - Bruno e Marrone.

FP – Um cantor ou uma banda?
RC – Fred Mercury.

FP – Uma frase?
RC – Nem sempre estar alegre significa estar feliz.

FP – Um sonho?
RC – Ver minha filha formada.

FP – O que é Deus pra você?
RC – Uma Força Suprema que guia nossa vida, aquela força que nos faz amanhecer querendo viver, querendo realizar, é a força que nos impulsiona.

Finalizando... Gostaria de acrescentar algo?
RC – Queria agradecer o convite para a entrevista e dizer aos seus leitores que nos conhecemos em Governador, quando eu fazia parte da Secretaria de Administração, e apesar de nossas divergências políticas, a nível local, de partidos políticos diferentes, respeito muito você, o considero uma pessoa muito competente e capaz. Gostaria também de falar do carinho que tenho pelo povo de Governador. São pessoas que me receberam muito bem, que me respeitam e demonstram um carinho muito grande para comigo. Hoje eu sou um cidadão dixseptense e tenho um carinho muito grande com essa cidade. Sou natural de Caraúbas e também cidadão de Governador Dix-sept.

Um comentário:

@paulinhoxaxa disse...

"Ser gênio não é difícil. Difícil é encontrar quem reconheça isso."
( Millôr Fernandes )

Rivelino é Um!

=D