sábado, 29 de março de 2008

Entrevista: Rivelino Câmara

Uma figura sempre presente no mundo empresarial da região, Rivelino Câmara, 37, evidencia-se com maestria entre os maiores figurões da política do estado.
Notadamente considerado um inteligente e preparado empresário, estudante do curso de administração de empresas, sempre educado, discorre e discute fácil sobre os mais diversos assuntos. Tem networking e feeling apuradíssimo, duas características fundamentais na formação de uma liderança política. Sobre esse seu lado partidário demonstra que planeja suas ações e tem objetivos bem definidos.
Viúvo, pai de Suiany e Pietro, Rivelino divide muitas opiniões, mas não há quem não o veja como uma nova e notável estrela política em ascensão.
Numa tarde de fevereiro, na praça de alimentação do Boulevard, em Mossoró, ele nos concedeu essa entrevista, onde fala da política e da sua vida pessoal.

Quais são seus empreendimentos.
RC – Hoje eu tenha uma drogaria, uma empresa de eventos, e estou inaugurando uma distribuidora de medicamentos.

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Quais foram os cargos que você já ocupou na administração pública e no setor privado?
RC – Na administração pública eu fui Secretário de Comunicação, Cultura e Eventos de Caraúbas; Secretário de Administração da Prefeitura de Caraúbas; fui diretor (na época dos NURE’s) do Centro Escolar Antonio Carlos, em Caraúbas, onde inclusive, algumas escolas de Governador eram subordinadas a esse centro escolar, fui Diretor do CAIC Centro de Apoio Integrado a Criança de Caraúbas, Secretário de Administração e também de Educação da Prefeitura de Governador Dix-Sept Rosado e Diretor do Hospital Regional de Caraúbas que pertence ao Estado. Na iniciativa privada eu fui diretor de programação e diretor geral da Rádio Centenário de Caraúbas e da Rádio Salinas de Macau.

Você tem uma rádio?
RC – Não. Já possui uma entre 2000 e 2003. Montamos uma rádio comunitária em Caraúbas mais não conseguimos a liberação, então abandonamos a idéia, mas militei em rádios por cerca de 16 anos.

Qual seu partido atual e quais siglas partidárias você já militou?
RC – Eu hoje sou filiado ao PSB, mas já fui filiado ao PSDB, inclusive sendo presidente estadual da juventude do PSDB nos anos de 89/91, também fui filiado ao PDT e PTB.

Na sua concepção, ‘ideologia política’ existe? você concebe que um político tenha “ideologia”?
RC – Olha eu acredito que exista, embora no momento ache que nós estamos vivemos um momento especial em relação à política brasileira. Essa confusão de partidos, o problema da percepção sobre a fidelidade partidária... Até acredito que existam políticos que tenham uma ideologia séria e correta, mas às vezes eles são atropelados pelas circunstâncias. Temos um caso bem claro no cenário nacional: o congresso com 513 deputados mais 81 senadores... tem lá um monte de partidos cada um com uma ideologia diferente e cada um seguindo seu rumo e seu caminho que nunca convergem entre si.

Você é a favor ou contra a fidelidade partidária?
RC – Eu sou a favor de uma fidelidade partidária diferente da que está ai. Hoje a fidelidade partidária é só pra você não sair do partido, mas não que dizer que você esteja obrigado a seguir as orientações do partido, não diz que você tem que ser deputado, vereador, prefeito e que você vai seguir aquele programa estabelecido pelo partido. Hoje, a fidelidade é somente e unicamente pra se eleger e não sair do partido.

E sobre ideologia política você concorda que exista e qual é a sua?
RC – Eu nunca disputei nenhum cargo político, nunca disputei uma eleição, mas sempre participei, desde 88, das eleições estaduais e municipais. Entendo que a política tem que ser realmente voltada para a população, pra que se possa destinar bem os recursos públicos, pra que se possa tratar bem as pessoas que acreditaram em você, nos seus projetos. Eu tenho uma ideologia, uma linha de raciocínio, que se você não está preparado para trabalhar dessa forma, não deve inserir-se no meio político, não deve participar da política. Infelizmente não são todas as pessoas que pensam assim e vez por outra temos alguns distúrbios, mais acredito que se um dia conseguirmos que a grande maioria dos políticos pense assim, que realmente sejam eleitos para defender o povo, para gerir de acordo com os interesses da população, dessa forma o cidadão vai receber um tratamento que ele merece.

Em sua opinião, quais os grandes lideres políticos que o Brasil já teve?
RC - Tivemos Ulisses Guimarães que foi uma figura espetacular, o Teotônio Vilela, Afonso Arinos... Eu acredito que depois da redemocratização passamos por um processo de mudanças e também de transformações, mas o país começou a ficar carente de grandes líderes, de estadistas. Collor foi um líder muito contestado, terminou saindo por um impeachment, mas a grande abertura econômica que vivemos hoje devemos a ele (Fernando Collor). Não sei se você lembra a história dos carros nacionais, que eram considerados carroças e hoje o nível do carro brasileiro é excelente, graças a abertura que Collor fez. Fernando Henrique Cardoso foi um grande estadista, e a economia atual é reflexo dele, foi ele quem inseriu o Brasil no mundo globalizado, as privatizações tão contestadas, hoje nós podemos sentir suas mudanças e de forma bem positivas. Lembra como era antes das privatizações para se conseguir uma linha de telefone fixo da Telemar? era uma dificuldade e você pagava um absurdo, hoje tão dando de graça. Acredito que depois da redemocratização, Fernando Henrique é o grande nome da política brasileira.

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Com relação as suas pretensões políticas... Você tem algum projeto político?
RC – Não é bem um projeto. Digamos que eu tenho um sonho. Eu desejo um dia administrar minha cidade. Acho que poderia contribuir muito com Caraúbas. Eu gostaria muito de poder ajudar como gestor de minha cidade, espero que uma dia consiga realizar esse meu sonho.

Existe data marcada para o início da viabilização desse sonho?
RC – Eu ate pensei que poderia ser realizado nas eleições desse ano, mas o momento político de Caraúbas está muito tumultuado... mas quem sabe na próxima? quem sabe em 2012?

Com relação à gestão Adail Vale, qual sua opinião sobre essa administração?
RC – Primeiro eu queria dizer que Governador Dix-sept, foi uma surpresa na minha vida. Eu tenho muito a agradecer as pessoas que me receberam. Fiz amigos e acho que de alguma forma contribui para o povo de Governador e eu tenho muito que agradecer ao prefeito Adail Vale, que me deu essa oportunidade de mostrar o meu trabalho e profissionalmente contribuído para sua administração. Eu avalio que Governador nunca viveu um momento tão bom administrativamente falando. Vários setores da administração funcionam bem. Existem as dificuldades que toda administração tem, até pela forma que Adail chegou à prefeitura, onde foi criado um clima de acirramento político muito forte no Município. Isso também gera dificuldades para a administração, por que depois que se passa o período eleitoral, os ânimos se acalmam e todos vão viver suas vidas, mas em Governador aconteceram as eleições e continua ao longo desses três anos, uma constante disputa. Mas hoje as pessoas falam como a cidade mudou como a cidade está mais bonita, acontecem os grandes eventos, o carnaval, por exemplo, hoje é uma referência no estado, a questão da saúde que tem uma boa estrutura, as ambulâncias, os profissionais que ficam de plantão, os PSF’s, a educação que tem melhorado. Acredito que ainda precisa ser feito mais. Eu faço uma avaliação positiva desses três anos. Governador tem avançado muito.

Você esteve à frente da Secretaria de Educação e Secretaria de Administração participando da gestão Adail Vale, como você avalia a equipe de governo do atual prefeito?
RC – Eu acho que Adail conseguiu constituir uma equipe boa. Teve algumas dificuldades pela falta de experiência de algumas pessoas com o serviço público, em termos de chefias, de secretarias, de coordenadores, até por que a cidade há 12 anos vinha sendo administrada por outro grupo político, e quem acompanha a administração pública sabe que as leis vão se atualizando com o passar dos anos, então as pessoas que por algum momento ficaram de fora do serviço público, dos cargos de chefias, ficam de certa forma desatualizadas, mais acredito que agora, nessa reta final, do mandato de Adail, as pessoas já estejam mais habituadas, mais familiarizadas com a máquina pública, sabendo como ela funciona, com suas normas e regras. Acredito que hoje ele já tenha uma equipe que o ajude a fazer uma boa administração na cidade de Governador Dix-Sept Rosado.

O que você não teve tempo de fazer e se voltasse a uma Secretaria de Administração ou de Educação realizaria?
RC – Primeiro eu quero dizer que minha saída dessas secretarias, se deu em virtude de falta de tempo, em virtude de meus compromissos pessoais e profissionais. Mas na Secretaria de Administração uma coisa que eu gostaria de ter feito era a informatização da secretaria com as demais, propiciando uma maior rapidez no atendimento ao servidor; na Secretaria de Educação tivemos alguns sonhos, que pelo curto tempo, não deu pra realizar. Gostaríamos de ter construído uma Escola para o ensino infantil. Também não trabalhamos bem a questão de uma maior valorização à cultura e ao esporte na cidade. Em Governador existem grupos culturais e pessoas muito capacitadas que precisam de incentivos e de uma estrutura que os apóiem, a mesma coisa com o esporte.

Você foi cogitado pra assumir cargos no Governo do Estado, como é sua relação com a governadora Vilma de Faria?
RC – Minha relação com a governadora é muito boa. Eu tenho agradecido muito a confiança que ela tem depositado em minha pessoa. Para quem não me conhece bem, eu não sou de uma família tradicional, não sou de uma família rica, nem sou uma liderança política expressiva da cidade, porque normalmente isso é levado em consideração, para que você ocupe cargos e seja reconhecido. A Governadora Vilma é diferente, e comigo foi assim. Hoje eu ocupo a direção de um hospital, um cargo regional que abrange quinze municípios. A Governadora me tem dando total apoio. Agora em março faz cinco anos que estamos à frente do hospital. Realmente fui cogitado para que assumisse um cargo, só que pelos meus negócios, em virtude de minhas outras atividades estarem na região, ficaria muito complicado para assumir um cargo em Natal, com meus negócios em outra cidade. Então pesei os prós e os contras e decidi ficar na direção do hospital. Espero estar retribuindo essa confiança que ela depositou em mim.

O convite foi feito?
RC – Sim, tive a possibilidade de assumir um cargo na Secretaria de Saúde e também na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, mas em virtude das questões que eu já elenquei, isso não foi possível.

Qual sua opinião sobre o Governo Lula?
RC – Eu votei no Lula no primeiro e no segundo turno. Acontece que tem algumas ações do governo que acho que avançou, mas muitas outras ainda são reflexo do governo Fernando Henrique. Mesmo assim eu acredito que tem ponto que é preciso a sociedade olhar com bons olhos, de forma a analisar melhor. Acho que ele deixa a desejar no que diz respeito à corrupção. Na história do Brasil nunca se viu tantas crises. Todo mês aparece uma crise. É mensalão, e agora a historia do cartão... O PT é o partido que eu já vi ter mais competência pra criar crises, e o pior é que sempre envolve o dinheiro público. É um governo que a corrupção mancha um pouco as grandes realizações, como o bolsa família, programa luz para todos, a questão da transposição do Rio São Francisco (se realmente ele conseguir concretizar). Mas a corrupção está maculando, digamos assim, essas ações do governo Lula.

Comenta-se positivamente sobre sua gestão à frente do Hospital Regional de Caraúbas, sua administração foi reconhecida e elogiada, você se considera um político gestor ou um empresário político?
RC – Eu acho que sou um político gestor, pois antes de começar a gerir eu sempre militei na política. Comecei em rádio e depois fui para política, engajando-me em grupos de jovens da Pastoral da Juventude. Comecei na política partidária, depois vim para o serviço público, assumindo cargos. Sou um político gestor!

Mais o que está em primeiro lugar, a política ou as empresas?
RC – Hoje as empresas estão em primeiro lugar. Vamos dizer que eu fui um político que deu certo, sendo gestor, administrando.

Seu mais recente empreendimento, foi a compra de um parque de vaquejada, inclusive comenta-se que você tem como sócio o prefeito Adail Vale e seu filho Anax, o que tem de verdade nessa historia?
RC – Olha, nada dessa historia é verdade. Eu adquiri um parque de vaquejada sim, e tenho um sócio, mas ele se chama Edu Licurgo, que é proprietário do Posto Imperial em Caraúbas. Nós dois compramos o parque. Não tem nada haver com Adail nem com Anax. O empreendimento é cinqüenta por cento meu e cinqüenta de Edu, inclusive quem quiser verificar tenho a escritura pública registrada em cartório com os nomes dos proprietários.

Qual foi o melhor e o pior momento da sua vida?
RC – Vivi nesses últimos anos, digamos assim, dois momentos distintos. Nunca estive em um momento tão bom profissionalmente. Tenho trabalhado muito, graças a Deus tudo que tenho investido tem caminhado bem. Mas também tive um fato que marcou e que me marcará pelo resto de minha vida, que foi a perda de minha esposa, que faleceu em 2005.

Pingue-pongue:

FP – Religião?
RC – Sou católico.

FP – Esporte?
RC – Futebol.

FP – Programas de TV?
RC – Jornais, Jô Soares e programas de notícias em geral.

FP – Além do The Place, o que você vê na internet?
RC – (risos) Blogs de notícias aqui da região, sou também um leitor assíduo de Cláudio Humberto (www.claudiohumberto.com.br) que retrata bem a cena da política brasileira.

FP – Uma cidade?
RC – Caraúbas.

FP – Uma mania?
RC – Querer a perfeição.

FP – Um prato?
RC – Comida nordestina.

FP – Uma bebida?
RC – Refrigerante.

FP – Um livro?
RC – Contos e Fatos - Duda Mendonça.

FP – Um homem?
RC – Jesus Cristo.

FP – Uma mulher?
RC – Sandra, minha ex-esposa.

FP – Uma musica?
RC – Se não tivesse ido - Bruno e Marrone.

FP – Um cantor ou uma banda?
RC – Fred Mercury.

FP – Uma frase?
RC – Nem sempre estar alegre significa estar feliz.

FP – Um sonho?
RC – Ver minha filha formada.

FP – O que é Deus pra você?
RC – Uma Força Suprema que guia nossa vida, aquela força que nos faz amanhecer querendo viver, querendo realizar, é a força que nos impulsiona.

Finalizando... Gostaria de acrescentar algo?
RC – Queria agradecer o convite para a entrevista e dizer aos seus leitores que nos conhecemos em Governador, quando eu fazia parte da Secretaria de Administração, e apesar de nossas divergências políticas, a nível local, de partidos políticos diferentes, respeito muito você, o considero uma pessoa muito competente e capaz. Gostaria também de falar do carinho que tenho pelo povo de Governador. São pessoas que me receberam muito bem, que me respeitam e demonstram um carinho muito grande para comigo. Hoje eu sou um cidadão dixseptense e tenho um carinho muito grande com essa cidade. Sou natural de Caraúbas e também cidadão de Governador Dix-sept.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Entrevista - Lanice Ferreira de Macêdo

Digitalizar0016 A ex-prefeita de Governador Dix-sept Rosado e presidente do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), Lanice Ferreira de Macedo, recebeu, no sábado 21 de dezembro, o jornal Folha do Povo, para uma entrevista. Lanice Ferreira nasceu no Sítio Saboeiro, neste município. É filha do ex-prefeito José Ferreira de Macedo e Raimunda Inácia (In memorian) e irmã de Laete e Laene. Elegeu-se três vezes vereadora (1989-1992/1993-1996/1997-2000), vice-prefeita (2001-2004) e prefeita (janeiro a março de 2005), passando apenas 67 dias no cargo e sendo afastada depois. Líder política respeitada e temida pelos adversários, é reconhecida também pela capacidade de dar assistência à população carente do município. Nesta entrevista, Lanice fala sobre política e revela sua opinião sobre os fatos que a fizeram perder o mandato conquistado com 63 por cento dos votos dos dix-septienses.

Folha – Como nasceu o seu interesse pela política?
Lanice – Quando nasci meu pai já era político, e comecei a sentir a vontade de ajudar à população. Fui tendo amor e vontade de trabalhar em prol da comunidade. A partir dos meus sete anos de idade, quando papai ia fazer campanhas políticas eu o acompanhava. Em 88 surgiu a oportunidade de iniciar minha vida pública. Fui bem sucedida e conquistei o primeiro mandato de vereadora. No segundo mandato, em 1992, tive uma grande votação (305 votos). No meu terceiro mandato (1996), continuei sendo a vereadora mais votada. Em 2000 o PMDB e o povo me escolheram para dividir a chapa com o então prefeito Gilberto Martins, e me elegi sua vice-prefeita. Em 2004, fui escolhida para ser prefeita do município com 63,43% (5.097) dos votos.

Folha – Quantos anos de vida pública?
Lanice – dezenove anos.

Folha – O que mais a motivou a entrar na política?
Lanice – O desejo de fazer o bem. De trabalhar pela população, de servir a coletividade e ajudar a desenvolver o meu município. Dediquei a minha vida a isso.

Folha – Sobre esses seus planos e projetos para o município, você ainda tem intenção de realizá-los?
Lanice – Certamente. A cada dia que passa mais aumenta o meu desejo de bem servir ao meu povo. Se já tinha essa vontade, depois de tudo que aconteceu e com a força que Deus e o povo dixseptiense me dão, não poderia ser diferente.

Folha – O que mais lhe motivou a seguir em frente, depois de tudo que lhe ocorreu esses últimos anos?
Lanice – Eu sou uma pessoa muito otimista e persistente. Quando quero uma coisa, vou até o fim para conseguir. Depois de tudo isso que aconteceu, cada vez mais aumenta a minha vontade de ser útil e ajudar à população. As mensagens de carinho, os abraços e as palavras de força e encorajamento das pessoas fazem que eu a cada momento redobre minhas forças e revigore o meu desejo de voltar à Prefeitura de onde fui tão injustamente afastada.

Folha – Você se considera injustiçada?
Lanice – Em primeiro lugar, quem mais foi injustiçado foi o povo. Foi a vontade do povo que foi cassada. Foram eles que votaram de livre e espontânea vontade em Lanice e Junior Afonso que foram mais injustiçados. Depois posso dizer que o nosso sonho de sermos servidores ao povo. Mas em primeiro lugar, considero que o povo foi mais injustiçado.

Folha – Você guarda mágoas das pessoas que ocasionaram a sua cassação?
Lanice – Não. Graças a Deus não tenho mágoas. Só me sinto de ser alvo de tanta inveja e ganância. Não guardo mágoas, por que nós temos um Deus que é Pai e tem me dado muita força e sabedoria para enfrentar tudo isso.

Folha – Qual sua opinião sobre a atual administração?
Lanice – Vejo como uma regressão. Eles têm feito o município regredir. Se olharmos a agricultura, vemos as dificuldades dos agricultores em conseguir um trator, os dessalinizadores quebrados há muito tempo. Os funcionários públicos sendo maltratados e desrespeitados, sem receberem o Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor), sem poderem progredir no seu plano de carreira. Na saúde, vemos a desassistência, a falta de medicamentos, as pessoas sendo humilhadas para conseguir um atendimento médico, os serviços públicos sendo alegados a quem não votou no atual prefeito. As pessoas me falam da humilhação que passam. O atual prefeito deveria respeitar o povo. Mesmo ele tendo recebido o cargo da justiça, sem ter o aval do povo, a população merece respeito e não deve ser humilhada e ultrajada. Tivemos 67 dias de mandato e implantamos a quarta equipe do PSF (Programa de Saúde da Família), e hoje vemos o programa abandonado pelo executivo, os profissionais da saúde sem condições de prestar seus serviços. Vez por outra vemos os carros de som nas ruas, com pessoas pedindo auxílios, situação que nunca víamos por aqui, mas com o desinteresse do atual prefeito para com a saúde pública, tem se tornado muito comum. Na área da educação, vemos em muitas escolas os alunos sem aulas, pois passam meses sem água ou merenda escolar. Sabemos que o meio ambiente não é levado a sério. Tínhamos o aterro controlado que virou um lixão a céu aberto, um amontoado de lixo e animais, um tema que foi tão bem gerenciado pela administração passada, pelo ex-prefeito Gilberto Martins, e que na minha gestão tinha sido criada a Secretaria de Meio Ambiente. Concluindo, o município só tem perdido com esse prefeito.

Folha – Como você percebe o tratamento que o povo dispensa ao atual prefeito?
Lanice – O que eu sei, é o que o povo diz: ele (Adail) não deveria estar na prefeitura, por que ele não foi eleito. O povo não votou nele, e ele não está retribuindo a oportunidade que foi dada a ele.

Folha – Sobre algumas situações embaraçosas que o prefeito tem passado, com o povo demonstrando seu descontentamento, por que você acha que isso vem acontecendo?
Lanice – Há um provérbio que diz: “Diz-me com quem andas, que direi quem tu és”. O povo o rejeita porque todo mundo o conhece. Todo mundo se lembra do que ele fez no seu primeiro mandato. O povo analisou o caráter dele e foi por isso que não votou nele em 2004. Ninguém reclama sem razão.

Folha – Noutra entrevista, o Jornal Folha do Povo foi criticado pelo atual prefeito, por ter usado de um termo: “desgoverno”. Você acha que o povo está sofrendo com um “desgoverno”?
Lanice – Com certeza. Talvez uma das causas é que esse ‘governo’ não era o que o povo queria. Esse governo nasceu a partir de uma ação judicial. Em termos de administração, o termo “desgoverno” nunca foi tão bem utilizado.

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Folha – Sobre as últimas e várias exonerações e demissões que estão acontecendo no poder público municipal, o que você tem a dizer?
Lanice – É um momento de reflexão para as pessoas que acreditavam nele, e agora estão tendo a oportunidade de conhecer realmente que é Adail Vale. Um momento em que as pessoas podem parar e refletir sobre tudo que dissemos sobre esse senhor, e entender que estávamos certos em criticá-lo.

Folha – E sobre a atual formação da Câmara Municipal?
Lanice – Elegemos seis vereadores em 2004 e três deles, que diziam que Lanice era a melhor candidata a prefeita, três vereadores que estavam do nosso lado, quando éramos poder e agora, que Lanice ou Gilberto não estão na Prefeitura, o melhor para eles agora é Adail. Entende-se que eles nunca defenderam candidatos ou ideologias e sim o poder. Interesses unicamente próprios e pessoais, sem ver o lado do eleitor que votou neles. O mandato de vereador é para ser de trabalho e dedicação ao povo, e não um comércio. Temos os vereadores Neto da Pedra, Bonifácio Medeiros, Sanimarcos Firmino e Sula (Raimundo Avelino da Costa), que se mantiveram na oposição, honrando seus votos e eleitores.

Folha – Sobre essa situação que você falou, sobre os três vereadores, você se considera traída por eles?
Lanice – Sim. Mas a primeira traição foi ao povo, os seus eleitores. Não se vota somente num vereador ou num prefeito, vota-se num projeto de governo, numa ideologia. Eu também fui enganada, traída e desrespeitada, assim como o povo.

Folha – Você comentaria sobre a posição do vereador Sula do PT, que se manteve na oposição?
Lanice – O vereador Sula tem se destacado muito, representando bem seu papel e seu mandato de vereador. Quanto à oposição em relação à atual administração, não fiquei surpresa, por que eu conheço a pessoa de Sula, já trabalhei com ele em associações e sei da sua capacidade para defender seus ideais. Só tenho a elogiar a posição do vereador Sula, juntamente com Neto da Pedra, Sanimarcos e Bonifácio, que estão sempre ao nosso lado.

Folha – E sobre o presidente da Câmara Anaximandro Vale, qual sua opinião sobre ele?
Lanice – Eu acho que Anaximandro é mais autoritário que o pai. Dia desses, ele negou a ceder o plenário da Câmara para que fosse feito uma audiência pública.

Folha – Existem alguns comentários que o PMDB estaria dividido entre você e o ex-prefeito Gilberto Martins. Isso é verdade?
Lanice – Essa divisão é vontade da oposição. Sempre dissemos que, eu e Gilberto, estamos unidos, juntos em prol de um ideal que para nós, agora mais do que nunca, é comum. Gilberto sempre me respeitou, atendendo a vontade do povo e me escolhendo para ser sua candidata a prefeita em 2004. Não há nenhuma divisão. A oposição sabe que é muito difícil nos vence. Por isso, ficam a toda hora, inventando briga entre eu, Gilberto e Junior Afonso. Estamos unidos.

Folha – Você acha que o PMDB hoje está mais forte que em 2004/2005?
Lanice – Eu acredito que sim. O povo de Governador Dix-sept Rosado é sábio, é politizado.

Folha – O ex-prefeito Gilberto Martins foi perguntado, numa entrevista anterior, sobre um prognóstico sobre a maioria de votos que você teria na próxima campanha em relação a qualquer um que seja seu adversário...
Lanice – Eu não gosto muito de dar palpites. Mas posso lhe dizer que não vai ser menor do que a maioria da campanha passada.

Folha – Que panorama político você espera encontrar no período eleitoral de 2008?
Lanice – Eu espero uma campanha emocional. O povo está com o grito preso na garganta. A partir de janeiro nós já vamos viver o ano eleitoral. Hoje temos dados positivos, que como eu disse anteriormente, a maioria não será menos que na campanha passada. Essa vai ser uma campanha que vai chamar a atenção até das cidades vizinhas. Mas acima de tudo, espero um período de paz e tranqüilidade, um cenário onde nosso povo possa dar um exemplo de democracia e cidadania. É o que espero.

Folha – Num programa de rádio, o prefeito Adail declarou que tinha pesquisas onde estava somente a três pontos de desvantagem de você. O que você tem a dizer sobre isso?
Lanice – O que eu digo é que ele sabe que essa pesquisa não é verdadeira. Ele não recebeu essa pesquisa, o que ele recebeu foi um percentual bem mais positivo para Lanice e ele simplesmente vai ao rádio, vai à imprensa, tentar enganar a população. Mas o povo sabe. O povo faz pesquisa todo dia. Se tiver cinco, dez pessoas reunidas, o povo faz sua própria pesquisa. Todos sabem que essa pesquisa que o prefeito falou não é verdadeira. Não existem três pontos de diferença entre Adail e Lanice. Talvez seja entre ele e Anaximandro.

Folha – Quem você acha que será ou serão os seus adversários na campanha para prefeito?
Lanice – Eu acredito que será o prefeito que está no cargo. Eu espero que seja ele. Quero ver o povo dando a resposta nas urnas, mostrando que não está concordando com essa situação pela qual passa o nosso município, com a administração dele.

Folha – Sua preferência então, como adversário político é Adail?
Lanice – Espero que seja Adail o candidato de oposição a Lanice na campanha de 2008.

Folha – Sabe-se que o atual prefeito conta com o apoio do Governo do Estado. Você não teme essa junção de forças?
Lanice – De maneira alguma. Ele, o prefeito, não tem o apoio do povo!

Folha – Sobre o atual vice-prefeito, Nelson Morais, você o vê como possível colaborador de sua campanha?
Lanice – Desde a campanha passada, para o governo do estado, que Nelson está do nosso lado e acho que na campanha para prefeito, em 2008, não vai ser diferente. Sempre que temos oportunidade nós conversamos e Nelson vai nos apoiar, sim, somando forças para a vitória em 2008.

Folha – Você teria algo mais a acrescentar?
Lanice – Tenho a dizer ao povo de minha cidade, que a cada sorriso que recebo, cada abraço, aperto de mão, cada palavra de carinho e solidariedade, eu sempre agradeço e sou grata a Deus. Sem os poderes de Deus e o apoio do povo, jamais teria condições de estar aqui dando essa entrevista. Quero também deixar meus votos de Feliz Natal a todos, Que essa data tão especial faça cada vez mais brotar o amor e a fraternidade entre os meus tão queridos irmãos. Roguemos a Deus que Ele continue nos abençoando e trazendo paz e alegria para todos nós. Um Feliz Natal e um 2008 cheio de realizações. Que Deus abençoe a todos os dixseptienses.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Entrevista Pastor Coriolano Neto

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O Pastor Francisco Coriolano Neto, recebeu domingo (02/12), na sua residência a Folha do Povo.
Educado e sempre diligente, Francisco Coriolano Neto, 57 anos de idade e 40 de vida religiosa, patuense e pai de quatro filhos, falou por mais de uma hora ao Jornal, e discorreu sobre as obras que estão sendo realizadas no templo sede da Igreja Assembléia de Deus e também sobre os planos futuros para a congregação dixseptiense.

FP - Há quantos anos que o senhor é pastor?
PC - 30 anos.

FP - Quantas igrejas o senhor já gerenciou?
PC - Aqui no Rio Grande do Norte 6 campos. Eu comecei no Rio de Janeiro quando fui ministro autorizado, lá atuei na cidade de Volta Redonda.

FP – Com relação ao trabalho do pastor Daniel, que lhe antecedeu, o que o senhor destacaria do trabalho dele à frente da igreja?
PC - Eu diria que Daniel foi uma personalidade aqui nesse município, trabalhador, evangelizador da obra de Deus e uma pessoa de muita credibilidade em Gov. Dix-sept Rosado.

FP - O que mais o alegrou, quando da vinda para Gov. Dix-sept Rosado?
PC - Olhe eu não tinha perspectiva de vir pra Gov. Dix-sept Rosado, o que aconteceu é que com a morte de um dos nossos companheiros o pastor João Batista, o Pastor Presidente de Natal levou o Pastor Daniel para a região de Natal, para cidade de Santo Antonio do Salto da Onça. Dessa forma o Pastor Martim Alves de Mossoró, convidou-me para assumir a congregação local. Eu estava na cidade de Grossos e ele me telefonou. Ele me surpreendeu perguntando se eu aceitaria Gov. Dix-sept Rosado, eu falei pra ele que queria descansar um pouco. Ele disse que confiava na minha palavra e no meu trabalho, então por obediência a nossa convenção de ministros eu vim. Eu não tinha exatamente essa pretensão. Foi inesperada a minha vinda pra Governador. Chegando aqui, com o andamento da obra do templo, que na verdade era uma carência, tudo pareceu como um desafio. Pastor Daniel tinha começado a construção, e nós tivemos que dar continuidade. Temos poucos recursos. Não temos ajuda da Federação, do Estado e nem do Município. Começamos a obra, e com a ajuda de Deus nosso Senhor estamos caminhando.

FP - Então a construção está sendo feita só com recursos próprios?
PC - Sim, só com dinheiro de crentes. Não é que nós não queremos ajuda externa. Só que eu como pastor, não posso aceitar alguma oferta pra depois ficar uma possível submissão por parte daquela pessoa. Eu como pastor, tenho que deixar o meu povo, as pessoas que eu pastoreio, livres. Não aceito que as pessoas venham me ‘encabrestar’, como dizia um certo político, que há pessoas que querem ajudar, mas depois colocam cabresto. Eu como pastor não posso aceitar isso, confio na providencia de Deus e Ele sempre tem sido conosco e não tem deixado faltar nada e nós estamos fazendo aquilo que mais queremos que é o trabalho do Senhor.

FP – O Senhor considera que a construção é mérito dos fiéis?
PC - Sim, são esforços dos nossos irmãos, dos dízimos e ofertas que eles trazem exatamente e ofertam para a obra de Deus.

FP – Houve alguma situação na sua chegada à cidade ou à igreja, alguma característica local que deixasse o senhor triste?
PC - Não, francamente, eu como pastor espero na providência de Deus, sempre Deus tem contribuído. Nós viemos pra Governador, eu não esperava, mas não posso como pastor dizer não vou. Como homem de Deus eu tenho que ir pra qualquer lugar, o que me surpreendeu foi exatamente a minha vinda pra cá, logo, e encontrei aqui em governador um desafio, mas muitas pessoas aqui na igreja são crentes abençoados que me apoiaram e nós estamos fazendo a obra.

FP - O senhor falou em desafio, qual seria o maior desses desafios?
PC - Começar uma obra dessa, sem estrutura financeira, mas vamos terminar, pela fé.

FP - Então a maior dificuldade para a reconstrução da igreja seria a falta de ajuda externa?
PC - Exatamente.

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FP - Então é uma decisão do senhor não tentar buscar essa ajuda externa, o senhor prefere assim?
PC - Eu falei pra alguns irmãos, até surpreendi a muitos, que não deixaríamos de aceitar alguma oferta se nos ofertassem, mas não que temos que nos submeter a essas pessoas em troca do que foi ofertado, pois só nos submetemos ao nosso Senhor Jesus Cristo. Quero exatamente depender do meu Deus, que ele tem cuidado da gente, a fé que professamos, ela tem estrutura pra que a gente confie na providência divina.

FP - Quais os pontos fortes e pontos fracos da Assembléia de Deus local?
PC - Bom, nós temos um departamento de oração. Na verdade tivemos muita ajuda dos crentes até agora, como já disse, na construção, mas quanto à oração precisamos melhorar, ser mais persistente, orar mais, pois minha bíblia e a bíblia de todo mundo diz: “aquele que busca encontra, o que pede recebe, o que bate a porta se abre”. Precisamos ser mais persistentes, mais perseverantes, para buscar a presença de Deus, para Ele usar as pessoas com relação àquilo que nós queremos.

FP – O senhor mudaria ou melhoraria alguma coisa na igreja?
PC - Bom nós fizemos exatamente o que era mais necessário, nós temos uns departamentos na igreja que tem nos dado muita força, os departamentos de senhoras, de senhores, da mocidade, departamento infantil... esses grupos que foram mudados e que juntos nos ajudam a fazer a obra nos dão ânimo, essas pessoas que estão ao nosso lado e nos ajudam a administrar a igreja.

FP – Como o senhor avalia o movimento evangélico no Brasil?
PC - Sou membro da Assembléia de Deus há mais de quarenta e cinco anos, começamos com muita luta, éramos muito perseguidos, mas apesar disso a igreja sempre triunfou. No início era apenas a Assembléia de Deus e a igreja Católica. Quando comecei a professar minha fé, na minha cidade eram apenas os crentes, que chamavam protestantes e os católicos. Era exatamente esse desafio que tínhamos, pois não nos aceitavam, assim, como também não aceitaram o ministério de Nosso Senhor Jesus. Quando ele veio a esse mundo encontrou essa diversidade de religiões, de conceitos e o mundo não aceitou Ele como filho de Deus, como salvador do mundo e Jesus encarou isso. Mas na verdade aquele que tem a esperança se purifica a si mesmo.

FP – Na sua concepção, as igrejas evangélicas têm caminhado juntas?
PC - As pentecostais têm caminhado juntas, pois pregam a mesma coisa. As que não são pentecostais eles se calam diante da nossa doutrina, dizem que não acreditam, mas nós os deixamos, até porque eles aprenderam assim. Eles pregam algo um pouco diferente da nossa, não podemos dizer que caminham junto conosco. Mas eu não questiono com nenhuma pessoa, respeito a todos.

FP – Com relação à diferença entre católicos e protestante, como o senhor analisa essa problemática?
PC - Amigo é o seguinte, eu te falei que quando Jesus Cristo veio encontrou todo tipo de religião, seitas e conceitos bíblicos. Admiro os católicos porque são pessoas zelosas, mas eles precisam compreender que quando Jesus veio, ele mudou o cenário. Porque se não precisasse de Jesus vir pra salvar, Deus não tinha enviado seu filho. Então quando Jesus veio buscar a solução através da fé, mudou o cenário e a igreja católica se atrasou nisso ai, pois ela continua acreditando que precisa batizar crianças, tem que confessar, tem que confiar que Maria está viva, e a Santíssima Maria não está viva, ela está no paraíso de Deus esperando ressurreição no dia do juízo. Só quem está vivo é Jesus Cristo, que é chamado primícia dos que dormem. Agora nem Pedro, nem João, nem Maria estão, são santos estão no paraíso de Deus, descansando para um dia ressuscitar e a Igreja Católica se atrasou nesta questão. São pessoas boas de fé, mas eles querem se colocar exatamente nessa posição dizendo que Maria está viva, que Pedro é o chaveiro do céu e não existe isso, pela bíblia não. E às vezes quando falamos sobre isso as pessoas se irritam, ficam irônicas, porque é a bíblia, eu não estou falando de mim, estou falando da bíblia. Então a minha avaliação é que são pessoas que nós consideramos, é uma igreja que tem a maior quantidade de adeptos, até o significado da palavra católica quer dizer “universal” é quase o mundo inteiro e o protestantismo já é mais limitado, pois é necessário a conversão, mudar de vida, se transformar, ter uma vida condigna na sociedade. Se a pessoa aceitar o evangelho hoje, tem que mudar de vida, se isto não acontecer é porque o evangelho não entrou nele. Agora o pessoal católico são pessoas que respeitamos muito, mas estão atrasados na linhagem de fé. Jesus veio pra trazer essa convicção de que Ele é o Senhor, é o Juiz, de que Ele é quem estar intercedendo por nós.

FP - Então se o senhor pudesse em poucas palavras expressar a diferença entre católicos e protestante, o senhor diria que é atraso com relação à percepção de fé?
PC - Exatamente.

FP - Então qual a saída que existe pra melhorar a relação entre católicos e protestantes, pra que fosse possível buscar mais as semelhanças entre as religiões e não as diferenças?
PC - Olhe o que nós vemos no aspecto religioso de diferença entre protestantes e católicos é exatamente a adoração a ídolos. Fazendo uma avaliação entre dois pontos positivos, Santa Luzia pode ter sido uma ótima pessoa, e se foi de Deus, ela está no paraíso, agora, ela não é pra ser adorada, então é exatamente essa diferença, pois o protestante acredita que devemos adorar só a Deus, em espírito e em verdade. A igreja católica diz que não adora, mas por trás existe um concílio que afirma não adorar, mas na verdade o faz. Não que eu tenha nada a ver com isso, mas existe essa diferença. Nós acreditamos na trindade e eles também, agora nós acreditamos na vida dos apóstolos, eles fizeram seu trabalho juntamente com Cristo, mas eles estão no paraíso de Deus para um dia ressuscitar, os católicos não acreditam assim. Eles tem essa causa de adorar, como adoram São Sebastião, que é o padroeiro de vocês. Houve certa época da história que dava certo, mas depois que Jesus veio era pra ter acabado com isso. A igreja católica teve no princípio, sacerdote, tinha o trabalho que fazia em equilíbrio, não podemos negar isso, mas depois que Jesus veio eles rejeitaram. Se atrasaram no andamento da fé, porque hoje não tem mais confissário, batismos de criança, não tem intercessão por mortos, pois a bíblia diz que quem morreu segue-se a juízo. Não é que nós vamos condenar a todos, não. Absolutamente não, é só esse aspecto da fé, que está atrasado e na eternidade conta, pois Jesus disse que “aquele que houve minhas palavras e crer naquele que me enviou tem a vida eterna”. Aqueles, portanto que deixar de crer, só com o Senhor.

FP - Qual sua relação com o padre Ivan dos Santos?
PC - Ele passa aí, me cumprimenta, e eu o cumprimento, eu não tenho uma amizade. O pastor Daniel ele tinha uma amizade muito grande com o padre, ele tinha facilidade em fazer amizades, era uma pessoa calma, tranqüila, mas hoje na cidade que ele está, já não tem essa oportunidade, o padre de lá é mais radical. Ás vezes, falta oportunidade, você sabe. Eu já não tenho essa mesma capacidade, teve uma pessoa que me chamou de anti-social. Eu não sou anti-social, eu sou crente e tento me colocar no meu lugar. Por exemplo, me fizeram uma pergunta ultimamente perguntando como eu via a questão dos políticos na igreja e eu respondi que pra mim estava ótimo, termos crente na política. Eu estive na cidade de Apodi e tinha dois irmãos que nos ajudavam muito, inclusive um vereador de quatro mandatos. E eu ajudei muito a ele. Quando cheguei ele estava na campanha e ganhou, e antes de sair o ajudei novamente na outra campanha. O prefeito de lá na época gostava muito de mandar me perguntar opiniões, mandava que Laerte -que era o vereador da igreja - me pedisse orientação e isso pra mim era muito importante. Agora eu não sou aquela pessoa que gosta de ficar atrás de ninguém, mas quando há oportunidade, eu tenho um bom relacionamento com todos.

FP - O senhor concorda que as igrejas devam ter um papel social forte, tentar ajudar nos problemas sociais, modificar a sociedade.
PC - Acho, com certeza. A igreja ela tem um importante papel no aspecto social. O fator social é indispensável tanto a igreja católica, quanto a protestante. Nós somos orientadores das pessoas e temos que desenvolver esse papel. Eu acho que a igreja tem um papel importante na sociedade.

FP - O senhor tem alguma intenção em desenvolver um trabalho social na igreja?
Nós temos alguns trabalhos desenvolvidos já. Há alguns irmãos que trabalham auxiliando na saúde das pessoas, no auxílio financeiro, com cestas básicas também, agora tudo isso é feito de forma individual. A nossa igreja tem um departamento pra fazer isso, agora faço isso dentro dos limites possíveis, pois não posso endividar a igreja, até porque temos superiores e não podemos ir além do que podemos.

FP - Quanto a construção da igreja, qual o prazo previsto para o término?
PC - Eu estou orando e confiando que nós vamos inaugurar o próximo ano, provavelmente no final do próximo ano.

FP – Qual o percentual de realização atual, da obra?
PC - Eu diria que 45% quase 50%.

FP - Qual o tamanho da igreja em número de crentes?
PC - Nós temos na cidade uns 280 a 300 membros e na zona rural, um número bem pequeno, cerca de 100 membros, fora os congregados. Nos referimos a membros quando os batizamos.

FP - Então são cerca de 400 membros?
PC - Sim.

domingo, 11 de novembro de 2007

Entrevista - Gilberto Martins

Antonio Gilberto Martins da Costa, economista, contador, especialista em Gestão Pública Municipal e também em Administração Hospitalar, é professor universitário (ensina a cadeira de Contabilidade Pública na Faculdade Mater Christi), atua como consultor da área de planejamento estratégico e gestão pública. Exerceu dois mandatos de vereador no período de 1989/1992 e 1993/1996. Elegeu-se prefeito de Governador Dix-sept Rosado duas vezes, administrando o município de 1996 a 2004. Deixou como sucessora na prefeitura, a sua até então vice-prefeita Lanice Ferreira. Casado com Aisa, e pai de Iana, Jéssica e Matheus, ele se define como um dixseptiense de coração. Considerado um dos maiores estrategistas políticos do município e região, ele divide opiniões e faz das suas decisões motivos de receio e respeito entre os seus. Querido e temido, Gilberto é um homem público que marca a história local com a deferência dos amigos e a apreensão exasperada dos adversários políticos. Há quem diga que ele é unanimidade quando o assunto é liderança política, assunto que ele prefere ouvir opiniões. Por duas horas e meia, na noite dessa segunda-feira (29/10), Gilberto falou para o jornal Folha do Povo, exclusivamente sobre política (a seu pedido):

FP – Como você avalia a atual administração?
GM – O governo Adail Vale não tem um rumo certo. Vê-se claramente que não há o mínimo de planejamento ou coordenação. Parece que ninguém ali sabe onde quer chegar. Eles estão perdidos. Não há nenhum resultado positivo em área nenhuma. Mais uma vez, estão conseguindo sucatear a estrutura pública municipal. Desde que voltaram à prefeitura tudo regrediu. Não houve avanço em nenhum setor. Na verdade, estamos vivendo um retrocesso social, político e econômico em Governador Dix-sept.

FP – Que áreas você acha que foram mais afetadas pelo atual desgoverno?
GM – As áreas sociais e de infra-estrutura.

FP - Por quê?
GM – Por que nota-se que falta autonomia para os secretários e falta também planejamento para orientar quais são os objetivos a serem alcançados pela sua equipe. Sem autonomia e sem objetivos definidos é impossível sair do lugar. Outra área bastante prejudicada, talvez a mais prejudicada, é o meio ambiente. Tudo que a nossa administração conseguiu fazer de positivo nessa área, o que nos tornou um exemplo para o estado em termos de preservação e consciência ambiental, tudo o que havia de bom e positivo, foi totalmente desmontado.

FP – E com relação à equipe da atual gestão... com relação a sua capacidade de realização, o que você comentaria?
GM – A maior responsabilidade de um líder é escolher a sua equipe. Então, se os secretários são inaptos para assumir suas funções não é por culpa deles; a falha é de quem os escolheu.

FP – Sobre a possibilidade de você candidatar-se a prefeito nas próximas eleições. Existem boatos que você colocaria seu um nome para o partido ...
GM – O meu partido, o PMDB, já tem um nome para vencer as eleições do próximo ano. Lanice Ferreira será a nossa prefeita. Mas, se houvesse a necessidade meu nome estaria à disposição.

FP – Com relação as suas pretensões políticas para 2008?
GM – Nosso objetivo é retomar o poder municipal, devolver ao povo o que dele foi tirado. Precisamos fazer com que Governador Dix-sept volte a ter paz, a ter desenvolvimento e alegria. A mesma paz e alegria que sentia até março de 2005.

FP – Lanice Ferreira é a pessoa que pode proporcionar a paz e a alegria à população?
GM – Lanice Ferreira é a pessoa que o povo gostaria que retornasse à cadeira de prefeito.

FP – Qual sua opinião sobre a atuação dos atuais vereadores? Generalizando, como está a atuação do legislativo municipal?
GM – Na Câmara Municipal predomina o jogo de interesse pessoal. Prevalece apenas a opinião do presidente. É na verdade um quadro de ditadura. Mas o que se pode esperar dessa gente? Eu destacaria a atuação dos vereadores Sanimarcos, que tem sido corajoso, e Bonifácio, que permanece leal aos seus amigos, e de Sula do PT, que resiste a ofertas impublicáveis no momento e se mantém fiel aos seus eleitores e ao seu partido. É lamentável, mas os poderes deveriam ser harmônicos e independentes, o executivo e o legislativo se misturam, fazendo uma ‘montaria’ e não uma parceria.

FP – Sobre a possível candidatura do presidente da Câmara Municipal, vereador Anaximandro Vale, você acredita que ele vai ser o candidato da atual administração?
GM – Não, não acredito.

FP – Ele teria chances? Quem teria mais chances: o pai ou o filho?
GM – Qualquer um dos dois será derrotado fragorosamente. Os dois têm o mesmo desgaste e rejeição. Então, o grau de dificuldade de um ou outro para as próximas eleições é o mesmo.

FP – Você falou em grau de dificuldade para as próximas eleições...
GM – Em qualquer eleição, eles teriam a mesma dificuldade para vencer ...

FP – Para você, existe alguma diferença entre o perfil de gestão e político entre pai e filho?
GM – O filho tem demonstrado na atual gestão da Câmara ser mais radical do que o pai.

FP – Qual o grau de dificuldade de sua candidata, Lanice Ferreira, em vencer o atual prefeito? Se você pudesse opinar sobre um provável cenário da próxima campanha, quais os percentuais de votos?
GM – Lanice 60%, Adail 30%

FP – Então Adail perdeu votos, desde a última eleição?
GM – Sim, mas pode ter compensado também.

FP – Compensado o que?
GM – A perda de votos. Com a ida de alguns.

FP – Com a ida de quem?
GM – Os vereadores Edimar Carlos, Adonias Melo, Neto Dantas, entre outros.

FP – Então, Adail poderia ter tido um ganho político com a adesão desses vereadores?
GM – Claro. Tem uma parte dos parentes desses políticos que acaba acompanhando eles. Mesmo sendo uma posição de desgaste.

FP – Sobre a situação financeira da Prefeitura, comenta-se que ela não é das melhores, e que o atual prefeito não está tão a vontade para governar...
GM – Eu acredito que ele está escondendo o jogo. Não é possível que ele tenha desestruturado o município a esse ponto. Dix-sept Rosado tem uma folha de pagamento que gira em torno de R$ 400 mil, e uma receita que pode chegar a 1 milhão e 400 mil. Ele está do lado da governadora Wilma, tem recebido muitas ajudas dela e o governo federal tem sido um parceiro importante para os municípios. Há mais de dois anos, o município não constrói uma obra importante, na dá para acreditar em dificuldade financeira. Se não paga é por outros motivos, não é falta de dinheiro.

FP – Então o que seria? Uma tática, uma estratégia do prefeito?
GM – Quem sabe? Talvez detonar um programa de obras no ano eleitoral para impressionar o povo... Ou fazer caixa para o ano que vem.

FP – Você acredita que ele possa usar desse expediente na próxima campanha?
GM – Ele vai usar todas as armas, como sempre fez.

FP – Então, o que o seu partido, o PMDB, vai usar para enfrentar uma possível “compra de votos” na próxima eleição?
GM – Vamos usar a inteligência do povo.

FP – Como assim?
GM – O povo sempre enfrentou este tipo de expediente, mas em relação a cargos majoritários, em Dix-Sept Rosado não tem funcionado... O povo vota em quem quer. Isso já foi provado. Vamos mostrar nossas propostas de governo. O povo sabe o quanto está sofrendo sem o governo do PMDB. O governo não chega à casa do cidadão.

FP - Qual vai ser sua participação na próxima eleição, junto a Lanice? Será incondicional? Força total?
GM – Esta será a eleição de nossas vidas. Vamos com tudo. Eu posso contribuir com minha liderança, com o conhecimento que tenho dentro e fora do município, com idéias, com discurso, e com minha participação ao lado de Lanice.

FP – Você falou que essa próxima eleição será vital: “a eleição de nossas vidas”... Qual a diferença dessa eleição para a eleição de 2000, e para eleição de 1996?
GM - É pelo grau de dificuldade...

FP - Essa será mais difícil?
GM - É por que a próxima batalha é sempre a mais interessante.

FP - Mais interessante, ou mais difícil?
GM - Mais interessante.

FP – Em que sentido? Por que mais interessante?
GM - Nós fomos cassados, acusados de ter comprado votos, que ganhamos porque tínhamos a máquina e de repente temos a oportunidade de provar que tudo isso não é verdade... Ganhamos porque o povo votou no que considera o melhor para o município.

FP – É a revanche do povo? A volta por cima?
GM – Claro, amigo!

FP – O que você teria feito diferente se pudesse voltar ao começo da campanha de 2003?
GM - Teria concentrado algumas coisas em minhas mãos. Sobre o meu comando.

FP - Que coisas?
GM - Questões de comando, de liderança.

FP - Sobre a sua situação depois da cassação... Você falou que estava pagando um preço muito alto... explique?
GM - Na justiça... somente.

FP - Você acha que foi traído por alguém, naquele momento?
GM – Não. As pessoas que agiram não se esconderam... Elas agiram articuladamente. Elas foram insistentes.

FP - Foi um complô?
GM - É talvez seja isso mesmo um complô.

FP - Quem foi insistente?
GM - Chico Carlos e Zé Carlos

FP - Foram eles os "arquitetos da cassação"?
GM – Claro. Ninguém tem dúvidas disto!

FP - Você tem receio, que depois de uma eventual vitória em 2008, isso pudesse acontecer novamente?
GM - De forma nenhuma... um raio não pode cair no mesmo lugar duas vezes. Seria azar demais.

FP - Então, a cassação foi um erro, azar, ou a atuação de Chico Carlos e Zé Carlos?
GM - Começou pela atuação deles.. depois teve um somatório de coisas negativas juntas.

FP – Na sua opinião, o que poderia fazer com que Lanice perdesse as próximas eleições?
GM - Só se ela pedisse votos para o adversário dela... e de joelhos (risos). Seria necessário um trem de erros para que isso acontecesse.

FP - Com relação aos vereadores que estavam no PMDB (Adonias, Neto Dantas, Edmar, Dário)... Qual a sua opinião sobre a saída deles? Teria algo para comentar sobre isso? Sobre a saída deles para o partido do prefeito, para base governista...
GM - Nós procuramos compensar a saída desses nomes com a vinda da família Bacatela (Firmino), que têm sido amigos leais, nossos e do povo. Dr. Tarcísio, Damião e Tidoca estão no PMDB para compensar qualquer baixa. Existem outros nomes fortes que também estão somando conosco neste momento.

FP – Os vereadores que aderiram se reelegerão?
GM - Eles acreditam na estrutura do poder e no vil metal. Vamos aguardar o julgamento do povo. De qualquer forma eles vão ter que explicar esta saída repentina ao povo.

FP - Você acredita no surgimento de um terceiro grupo político, para a disputa da próxima eleição?
GM - O PT está estudando o cenário. O PDT é improvável, não tem fôlego para uma eleição.

FP - Você acha que Chico Carlos e Zé Carlos, apoiarão o prefeito?
GM - Eles não têm outra opção.

FP – Por quê?
GM - Porque os compromissos assumidos são muito profundos... Eles estão vinculados demais. A força atrativa do poder não permite um distanciamento. Agora existem também as questões fisiológicas. Fisiológicas mesmo.

FP - Fisiológicas?
GM - Lembra da Hierarquia das Necessidades?

FP - De Maslow? Lembro sim!
GM – Dele mesmo.

Ps. Abraham Maslow foi um psicólogo americano que escreveu sobre a Hierarquia das Necessidades. Para saber mais, clique aqui.

FP - Se você pudesse resumir uma característica positiva e outra negativa dos seguintes nomes, o que você me diria sobre: Chico Carlos?
GM - Ele não se esconde... Assume o que faz.

FP – E uma característica negativa?
GM – Ele acha que a cadeira de prefeito só serve para ele.

FP – E sobre Adail Vale?
GM – Ele não nasceu para a política. É centralizador demais. Está ultrapassado.

FP – E uma qualidade?
GM – (Risos)

FP – Fale então sobre Nelson Morais.
GM – Ele é correto com os amigos dele. Mas não tem sido muito feliz em certas escolhas.

FP – E Lanice Ferreira?
GM – Uma mulher de fibra, muito trabalhadora.

FP - Que decisão, você tomou, que não tomaria se pudesse voltar no tempo?
GM - Eu valorizei demais algumas pessoas que pensava que fossem amigas de verdade. Honrei demais a quem não merecia honra.

FP - Eu conheço essas pessoas? Você pode citar nomes?
GM – Claro, você tem o desprazer de vê-las de vez em quando (risos). Na campanha você vai saber quem são elas.

FP - O que diria hoje as pessoas que votaram em você, nas ultimas eleições, que acompanharam seus candidatos... O que diria hoje a elas?
GM - Eu só tenho a agradecer tanta confiança e entusiasmo, tanto carinho que tenho recebido do povo. Muito obrigado por tudo. Deus é quem pode retribuir a cada um por todos os gestos.

FP – E por último, com relação ao sonho do Palácio José Augusto (Assembléia Legislativa)?
GM - Ficou um pouco distante. Mas, como seria triste a escuridão da noite se não fosse o brilho inatingível das estrelas...